MALDITO (S) CANCRO (S)

Alexandra Manes

O Dia Mundial do Cancro é uma iniciativa da União Internacional de Controlo do Cancro, criado em 2000, celebra-se a 4 de fevereiro, pretendendo capacitar e unir a população para enfrentar um dos maiores desafios de saúde pública. Consciencializar, melhorar a educação e promover a ação pessoal e coletiva, na luta contra o cancro.

Foi delineada uma campanha que terá um espaço temporal de 3 anos e que tem como mote “Por cuidados mais justos”, para inspirar mudanças e mobilizar ações, para lá do próprio dia, visando consciencializar para a lacuna de equidade que afeta muitas pessoas. A campanha trianual constitui um fio orientador para trabalhar um tema específico a cada ano, constituindo a trilogia: conhecer, agir e desafiar.

O primeiro ano da campanha é sobre a compreensão e o reconhecimento das desigualdades no tratamento do cancro, é o ano para questionar e ajudar a reduzir o estigma; ouvir as perspetivas dos doentes oncológicos e as suas comunidades, e deixar que essas experiências vividas guiem os pensamentos e ações, para que se comece a imaginar uma maneira melhor de fazer as coisas e construir uma visão mais justa do futuro.

Por coincidência, na véspera deste dia que devia dizer muito a cada um/a de nós, foram ouvidos em Comissão de Assuntos Sociais, no âmbito de uma petição que reuniu mais de 600 assinaturas, a primeira signatária e representantes do Conselho de Administração do Hospital do Divino Espírito Santo.

A petição apela ao regresso de uma trabalhadora que, ao longo de muitos anos, no desempenhar das suas funções, no serviço de oncologia deste hospital, desenvolveu um profundo vínculo afetivo com as e os doentes oncológicos, bem como com os seus familiares. Num serviço desta natureza, onde infelizmente a morte paira e ceifa vidas, é de extrema importância uma (ou mais) pessoas de referência que transmitam segurança, conforto e bem-estar emocional (e isto não quer dizer que todas as outras pessoas que ali trabalhem sejam menos profissionais), não me surpreende que haja pessoas que, em determinados períodos da vida, criem mais empatia com algumas pessoas. É normal! É humano!

No entanto, com a tomada de posse do atual CA do HDES, muitas foram as coisas que se foram alterando e sendo notícia na comunicação social da região.

Pelos argumentos utilizados, e que a mim não me convenceram, a trabalhadora será transferida para o arquivo, com o objetivo de trabalhar dados, pela sua reconhecida capacidade para tal.

Aparentemente, no HDES, com um número acentuado de assistentes técnicos, só naquela trabalhadora, naquela em especial, reconheceram as capacidades necessárias para trabalhar dados, no arquivo ( e em nada estou a subestimar esta tarefa)!

E chegados aqui a questão que se coloca é: entre os doentes oncológicos e seus familiares e o tratamento de dados, o CA prefere que prevaleça a sua decisão de transferir a trabalhadora, sobrepondo-se ao bem estar emocional destas e destes doentes e contrariando aquela que é uma das estratégias definidas para a campanha: ouvir as perspetivas dos doentes oncológicos e as suas comunidades.

Resta-me apelar a José Manuel Bolieiro para, que na remodelação do governo do qual tenta presidir, tenha atenção na distribuição das coutadas. É que tudo o que se faz é política e neste caso em concreto, é má política.

Um abraço afetuoso de coragem a todas as pessoas que padecem desta maldita doença.

Um saudoso, e envolto em lágrimas, beijo às minhas Helita e Zuraida!

Alexandra Manes
Deputada à ALRAA pelo BE

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