
O presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, disse esta sexta-feira que o Governo Regional está “distraído” com a sua “sobrevivência”, temendo que tal coloque em causa a “capacidade” de a região “aproveitar cabalmente” os fundos comunitários.
“Acho que devo dizer aquilo que sinto e aquilo que acho. O que eu acho é que o governo está distraído com algumas coisas que podem pôr em perigo a capacidade de aproveitar cabalmente os fundos. Distraído nomeadamente com questões relativas à sua sobrevivência”, declarou o antigo presidente do executivo açoriano.
Vasco Cordeiro falava após uma reunião com o presidente do Governo Regional, o social-democrata José Manuel Bolieiro, para debater o Programa Operacional (PO) Açores 2030, na sede da Presidência, em Ponta Delgada.
“Questões permanentemente na praça pública, como a remodelação, as ameaças de partidos, as instabilidades criadas por partidos que não são os da oposição, mas os que suportam o governo. Tudo isso perturba. Tudo isso condiciona. Portanto, não vale a pena estarmos aqui a fingir que isso não está a acontecer”, acrescentou.
O líder parlamentar do PS/Açores considerou que são os “partidos que suportam este governo” a “maior causa de instabilidade” e que tal “prejudica a capacidade e a atenção que o governo deve dirigir àquilo que é essencial”: “eu só espero que Açores e os açorianos não sejam prejudicados por causa disso”.
Vasco Cordeiro, que chefiou o executivo regional entre 2012 e novembro de 2020, disse ainda que o Governo dos Açores “tem assumido um papel demasiado passivo na divulgação das oportunidades de aproveitamento de fundos comunitários” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O Governo Regional deve assumir uma atitude mais proativa de esclarecimento das empresas quantas às possibilidades que têm de investimento”, assinalou.
O socialista criticou ainda a decisão de o executivo direcionar a verba de 125 milhões de euros, prevista no PRR, para o Banco Português de Fomento, a quem fica atribuída “toda a capacidade de decisão” relativamente à “recapitalização das empresas” regionais.
“A região abdicou do poder de decisão sobre uma verba que era sua”, afirmou.
O deputado regional também referiu que, apesar de o montante total das Agendas Mobilizadoras do PRR “continuar a existir” para a região, as “empresas dos Açores perderam a oportunidade de aproveitar esse montante para a inovação” e para o “reforço da sua competitividade” devido à atuação do Governo Regional.
Vasco Cordeiro lembrou que os Açores nos próximos anos vão ter “à disposição quase o dobro do montante financeiro” que tiveram entre 2014 e 2020 e salientou o “histórico de resultados” que a região tem apresentado na aplicação dos fundos europeus.
“Hoje [sexta-feira] mesmo foi aprovado pela Comissão Europeia uma comunicação relativa ao oitavo relatório sobre a coesão, no qual é possível constatar que no período entre 2001 e 2019, os Açores são a região de Portugal que mais cresce em termos de PIB e que converge com a média da União Europeia”, revelou.
O presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) recebeu, durante esta semana, os parceiros sociais e os partidos políticos no âmbito do PO Açores 2030.
O PO dos Açores 2030 integra o Portugal 2030, cujas prioridades assentam em oito eixos, cada um deles com os seus objetivos estratégicos: inovação e conhecimento; qualificação, formação e emprego; sustentabilidade demográfica; energia e alterações climáticas; economia do mar; competitividade e coesão dos territórios do litoral e do interior e agricultura e florestas.
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