O ESTADO NOVO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Alexandra Manes

A Democracia fez-se ouvir no passado domingo, ditando um novo cenário politico para os próximos quatro anos.

Os partidos à esquerda do PS, BE e PCP reduziram significativamente o número de deputados, a direita clássica tem uma derrota brutal e a extrema direita aumenta a sua bancada. O PS tem o resultado que ambicionava desde o inicio. Umas vezes assumia-o, outras nem por isso.

Ao contrário do que se diz, ou se tenta fazer parecer, o BE não faltou a Portugal, nem ao seu eleitoral. Ao votar contra a proposta de Orçamento de Estado, fê-lo por esse não responder às reais necessidades identificadas há muito tempo. Apesar do efeito positivo que a “Geringonça” teve na recuperação de direitos e pensões, ficou muito por fazer.

O CDS desapareceu do hemiciclo das decisões politicas do país. Esse desaparecimento fortaleceu o partido de um homem só (ventura) e a IL, através da capitalização de votos dos descontentes do CDS.

Para todos os efeitos, foram muitos os anos que o CDS esteve na Assembleia da República, muitas as pessoas que por lá passaram e muitos os momentos marcantes: Os seus 15 deputados votaram isolados contra a Constituição da República Portuguesa. Daquelas bocas não se ouviu “Viva Portugal”; “Viva a Constituição Portuguesa”; Diogo Pacheco Amorim, outra das personalidades, foi adjunto de Ribeiro e Castro e antigo chefe do gabinete de  Manuel Monteiro. Foi também identificado com bombista ao serviço do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), uma das três organizações terroristas de extrema-direita que atuaram em Portugal no Verão Quente de 1975. Relembre-se que a justiça responsabilizou este movimento pelo atentado terrorista que assassinou a 2 de abril de 1976 o padre Maximino Barbosa de Sousa e a estudante Maria de Lurdes Correia. E o que acontece a este individuo? Migra do CDS tornando-se conhecido como o “tudologo” do partido de um homem só (chega), é eleito deputado e sentar-se-á numa das cadeiras, onde se sentam a e os defensores do Estado Novo.

Impossível esquecer Abel Matos Santos, que integrou a direção do Francisco dos Santos, que elogiou a PIDE e destratou Aristides de Sousa Mendes.

A democracia é tão boa que permite eleger quem pretende acabar com ela!

A IL também aumentou a sua bancada. Apesar da sua insistência em que as suas propostas são uma lufada que atrai os jovens, de novo nada têm. São ideias velhas e, por isso, as camadas jovens não as reconhecem e parte de outras camadas já esqueceram. Para além disso, e para pessoas mais atentas, a mensagem que ficou é a de que a subsidiodependência  do Estado só é boa se for para empresários ricos dos sectores da Saúde e do Ensino.

Aqui pela região, ficou bem expressa a opinião das pessoas acerca do atual governo regional que concorreu coligado. Uma breve análise ao discurso pré-eleitoral.

Alexandra Manes
Deputada à ALRAA pelo BE

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