Era assim a vida do campo! Semeava-se o milho que produzia a farinha, e daí o pão, que havia de ser o principal sustento das famílias daquele tempo. O trigo também se cultivava, mas na sua maioria era vendido, como fonte de receita para o pagamento da renda da terra aos senhorios.

Algumas famílias mais abastadas, tinham o privilégio de comer o pão do trigo com alguma frequência. Ainda me lembro de conversar com alguns velhotes e me dizerem, que pão de trigo só em dia de festa.

Enquanto que as famílias se alimentavam da maçaroca, o “soco” servia para aquecer o lume e o “milheiro” para o sustento dos animais, principalmente no Inverno. Assim, com o “toro” e a folha, faziam-se os chamados “Maroiços” que bem apertados e atados com espadana ou até mesmo com a própria haste do mogangueiro, resistiam à chuva e ao vento e serviam de abrigo a algumas ratazanas…

Não havendo máquinas, tudo era feito manualmente. Assim se juntavam os amigos ou vizinhos, que em espírito de entreajuda, iam fazendo as colheitas. Não havia dinheiro! a recompensa era a partilha da amizade e do ajudas-me hoje, que eu te ajudo amanhã!

Saudades tenho desta imagem, em que estou eu segurando o “Maroiço” para não cair… enquanto que meu pai e outros dois amigos, pousam para a foto, neste momento com mais de cinquenta anos! Restam hoje apenas, os que estão junto dos “milheiros”, José Correia e meu pai, LÁ estarão à nossa espera!

Fernando Mendonça*
(*) Por opção, o autor rejeita o AO90.