No meu tempo de criança, pouco se tinha, mas andávamos felizes da vida! Hoje com tanto, e mesmo assim insatisfeitos! As raparigas trocaram as bonecas pelos iphones ou playstations, enquanto que os rapazes deixaram as brincadeiras de rua e passaram a fazer a mesma coisa! Fechados nos quartos, feitos prisioneiros das novas tecnologias…

Não se apanha vento nem chuva ou o encanto do sol dourado, rico em vitamina E! Não se exercita o corpo, jogando a saltar a corda, a amarelinha, pular o elástico, ou até como se fazia na minha terra, por influência da cultura desta Ilha, brincar aos toiros!

Não se vê aquela miudagem queimada pelo sol e de rosto avermelhado! Pálidos, amarelinhos… Que até parecem plantas de estufa!

Felizmente foram criadas pelas instituições culturais várias atividades desportivas, aproveitadas por muitas crianças, melhorando assim a sua forma física e cultural! No entanto, grande parte deles ou delas, preferem ficar em casa, agarrados aos brinquedos dos novos tempos!

Ouço testemunhos de pais, que se queixam de pouco conversar com os filhos, porque esses só prestam atenção às máquinas!

Há anos dizia um Padre conhecido, que os jovens se estavam tornando em “Televisão de Bandeja”! Referia-se ao pormenor de não comerem em família, mas sim, nos seus quartos, de prato ao colo, atentos à televisão! Hoje já nem é só a televisão, como também todos aqueles utensílios que referi mais atrás!

Pior de tudo, é verificarmos que apesar de terem tudo, ou quase tudo, continuam insatisfeitos e à procura daquele bem-estar mental que tinham os seus progenitores! Na falta da abundância dos bens materiais, vivia-se para as pessoas! Havia respeito pelos professores, pelos pais, pelos mais velhos e sobretudo, gostavam de si…

Fernando Mendonça*
(*) Por opção, o autor rejeita o AO90.